Cuidado com a Alexa, Google e Siri: eles escutam suas conversas
Um problema de ativação em certos dispositivos revelou que muitas pessoas estão sendo "espionadas" sem saber.
Um dos dispositivos que caiu nas graças do brasileiro é a Alexa. Basta apenas um comando – “Alexa, ligar luz”, “Alexa, tocar Spotify”, “Alexa, qual a previsão do tempo para hoje?” – para se sentir a pessoa mais tecnológica do mundo. No entanto, foi descoberto um perigo por trás dessa interação humano/máquina, capaz de colocar a privacidade das pessoas em risco.
Em um vídeo que se tornou viral no Instagram e no TikTok, a criminóloga María Aperador revelou que existem áudios gravados no alto-falante inteligente sem a palavra de ativação “Alexa”. A denúncia ganhou força e colocou em xeque a segurança das informações, questionando se o dispositivo da Amazon seria um “espião”.
Foto: Shutterstock
A Alexa é um agente secreto espionando sua vida?
Segundo a política de privacidade da Amazon, áudios da Alexa não são armazenados ou enviados para a nuvem, a menos que a palavra de ativação, neste caso “Alexa”, seja dita. A empresa ainda acrescenta dizendo que os áudios enviados à nuvem são indicados por meio de um som no alto-falante ou de um indicador luminoso no dispositivo.
Contudo, segundo o pesquisador do Conselho Superior de Investigações Científicas da Espanha (CSIC), especialista em cibersegurança e dados, David Arroyo, podem haver “falsos positivos”, ou seja, elementos do dispositivo que podem mal interpretar a palavra de ativação e começar a gravar a conversa do usuário sem que ele saiba.
Segundo ele, não só a Amazon, mas outras empresas como o Google e a Apple investem em ferramentas que melhoram o funcionamento do sistema de aprendizado das máquinas em relação à interpretação de voz. No entanto, apesar dos esforços, essa tarefa de distinção não é nada fácil, pois existem diferentes sotaques, pronúncias, entonações, além da ressonância e reverberação do ambiente onde o dispositivo está localizado. Tudo isso pode influenciar na falta de precisão da Alexa, por exemplo, e nos algoritmos usados pela Amazon.
No caso da criminóloga, em conversa com o jornal El País, ela descobriu gravações feitas pelo aparelho com duração de aproximadamente 6 segundos. Os arquivos armazenados revelaram trechos de conversas casuais dela e de pessoas da casa. O mais preocupante é que, dentro destes arquivos, não foi identificada a palavra de ativação.
Privacidade ameaçada?
Segundo um estudo realizado na Alemanha por pesquisadores da Universidade Ruhr de Bochum e do Instituto Max Planck para Segurança e Privacidade, existem as chamadas ativações acidentais dos alto-falantes inteligentes.
Após análise de 11 dispositivos, constatou-se que o número de ativações não solicitadas pode ultrapassar 1.000. Isso vale tanto para as palavras “Alexa”, “Ok, Google” quanto para “Hey, Siri”. Ou seja, o problema de quebra de privacidade não é exclusivo da Alexa.
No final das contas, diferentes dispositivos estão nos ouvindo, como os smartphones, por exemplo. Apesar das declarações sobre gravações não autorizadas, não há evidências de que essas ativações indevidas tenham o propósito de roubar os dados dos usuários, o que, nesse caso, resultaria em um grave problema de privacidade.