Perigo? Cientistas ressuscitam verme após 46.000 anos congelado

Um nematóide, descoberto no permafrost siberiano e batizado de Panagrolaimus kolymaensis, foi ressucitado por cientistas.

Pesquisadores conseguiram ressuscitar um verme enterrado por 46.000 anos. Ele estava a uma profundidade de 40 metros no permafrost, o solo subterrâneo congelado do planeta.

De acordo com um estudo publicado na semana passada na revista PLOS Genetics, esse nematóide, descoberto no permafrost siberiano e batizado de Panagrolaimus kolymaensis, poderia ser ressuscitado porque estava realmente em criptobiose.

É um estado que visa reduzir o metabolismo a um nível indetectável para sobreviver a condições ambientais extremas, como ausência total de água ou oxigênio, alta temperatura, congelamento ou salinidade.

Longevidade rara

Certamente existem exemplos espetaculares de criptobiose de longo prazo. Um esporo de Bacillus preservado no abdômen de abelhas presas em âmbar por 25 a 40 milhões de anos é um dos casos mais famosos.

Outro caso de destaque é o de uma semente de lótus de 1.000 a 1.500 anos. Ela foi encontrada em um lago antigo e, mesmo com a idade, foi capaz de germinar.

Também existem os tardígrados, conhecidos por sua capacidade de sobreviver milhões de anos e enfrentar condições extremas em estado de criptobiose, até mesmo no vácuo do espaço.

Contudo, até agora, “os registros mais longos de criptobiose em nematóides não ultrapassaram algumas décadas e diziam respeito às espécies antárticas: Plectus murrayi (25 anos e meio em musgo congelado a -20°C) e Tylenchus polyhypnus (39 anos dessecado em um espécime de herbário)”, explicam os pesquisadores.

Vírus reativados

Como esses organismos sobrevivem? Continua mais ou menos um mistério. “Não se sabe bem quais caminhos moleculares e bioquímicos são usados ​​por esses organismos criptobióticos e por quanto tempo eles podem suspender a vida”, reconhecem os pesquisadores.

“Contudo, nossas descobertas aqui são importantes para entender os processos evolutivos”, acrescentam. “E a sobrevivência a longo prazo dos indivíduos pode levar à refundação de linhagens extintas.”

Além disso, as expedições realizadas na última década permitiram o renascimento de vários organismos descobertos no permafrost siberiano. Isso foi possível por causa do derretimento ocasionado pelo aquecimento global.

Em um estudo pré-publicado em novembro de 2022, pesquisadores franceses, alemães e russos liderados por Jean-Michel Claverie, professor emérito da Universidade de Aix-Marselha, anunciaram, por sua vez, que haviam reativado um vírus gigante descoberto no permafrost siberiano e envelhecido 48.000 anos.

Essa descoberta elevou para sete o número desses vírus antigos, ou vírus zumbis, reativados por cientistas. Eles são vírus de amebas, organismos unicelulares que se encontram em quase todo o ambiente. Contudo, são tão diferentes de nós que esses vírus não conseguem infectar humanos ou animais.

você pode gostar também