Alerta! Sistema GPS está sob ameaça e sem alternativas confiáveis

Estados Unidos e China estão em uma corrida no espaço e na Terra para garantir que não haja uma pane geral em caso de interrupção no sistema GPS.

Serviços essenciais de emergência, telecomunicações e até mesmo transações financeiras dependem do uso de satélites de posicionamento global. A grande questão é que esses equipamentos, tão fundamentais para a economia global, estão cada vez mais vulneráveis, uma vez que o espaço está sendo rapidamente militarizado e os sinais de satélite são atacados na Terra.

Isso faz com que países como os Estados Unidos e a China estejam em alerta em relação a uma possível interrupção da emissão de sinais de satélite. Ao que tudo indica, os Estados Unidos não têm um Plano B para civis em caso de interrupção dos sinais, seja no espaço ou em terra.

Apesar de parecer que essas chances são remotas, na prática, não é bem assim. No mês passado, por exemplo, os Estados Unidos afirmaram que a Rússia poderia lançar uma arma nuclear no espaço e, portanto, a atenção para a vulnerabilidade dos satélites deveria ser observada.

Ameaças

Nos últimos tempos, a Rússia, China, Índia e os Estados Unidos testaram mísseis antissatélites. Além disso, várias potências mundiais já possuem tecnologia voltada para a interrupção de sinais no espaço. É o caso de um satélite chinês que possui um braço robótico capaz de mover ou até mesmo destruir outros satélites.

Também não se pode ignorar os ataques e ameaças na Terra. Hackers russos, por exemplo, atacaram a infraestrutura terrestre de um sistema de satélite na Ucrânia, o que resultou no corte do sinal de internet logo no início da guerra no país.

Diante disso, não se pode ignorar que, se o mundo perder totalmente a sua conexão com os satélites, as perdas econômicas serão na casa dos bilhões de dólares por dia.

Mesmo diante da consciência das perdas provocadas por uma pane, os Estados Unidos não possuem uma fonte alternativa confiável de tempo e navegação para uso civil caso os sinais de GPS fiquem indisponíveis. Prova disso é um plano de 2010, do governo Obama, que apontava para a criação de uma espécie de backup para os satélites, mas a ideia nunca foi concretizada.

Uma década depois, o então presidente Donald Trump chegou a emitir uma ordem executiva na qual afirmava que a interrupção ou manipulação dos sinais de satélite representaria uma ameaça à segurança nacional.

Agora, o governo Biden solicita propostas de empresas privadas. A esperança é que elas ofereçam soluções técnicas para o problema, mesmo que demorem anos para que tais tecnologias sejam adotadas de forma ampla.

China

Já do outro lado do planeta, a China tem investido no que diz ser o maior, mais avançado e mais preciso sistema de cronometragem do mundo. Por lá, são centenas de estações de cronometragem em terra, com mais de 20 mil km de cabos de fibra óptica para fornecer serviços de tempo e navegação sem depender de sinais do Beidou, a alternativa chinesa ao GPS.

Além disso, o país pretende lançar satélites como fontes de backup de sinais. “Devemos aproveitar essa oportunidade estratégica, dedicando todos os nossos esforços para desenvolver capacidades que abranjam todos os domínios – subaquático, terrestre, aéreo, espacial e espacial profundo – o mais rápido possível”, escreveram pesquisadores da China Aerospace Science and Industry Corporation, um conglomerado estatal, em um artigo no ano passado.

Além disso, desde a Segunda Guerra Mundial, a China mantém e atualiza um sistema conhecido como Loran. Ele usa torres de rádio para a transmissão de sinais de tempo por longas distâncias. Na mesma linha, a Rússia também tem um sistema Loran de longo alcance, enquanto a Coreia do Sul atualizou seu sistema para combater a interferência de rádio da Coreia do Norte.

Alternativa ao GPS

No caso dos Estados Unidos, algumas empresas já propuseram o lançamento de novos satélites, além da criação de um sistema de cronometragem de fibra óptica. A Satelles, empresa privada que atua em conjunto com o Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia dos EUA (NIST), desenvolveu uma fonte alternativa de tempo, utilizando satélites que já estavam em órbita a cerca de 780 km acima da Terra.

Seus sinais são mil vezes mais fortes que os dos satélites GPS, o que os torna mais difíceis de serem bloqueados ou falsificados.

A China também planeja atualizar seu sistema espaço-temporal até 2035. Para isso, o país planeja lançar 13 mil satélites na órbita baixa da Terra. O país afirma que os investimentos são necessários devido à preocupação com um ataque americano no espaço.

Pensar em tais alternativas torna-se fundamental porque a falha no sistema GPS pode ter consequências terríveis. Um relatório do Reino Unido aponta que a interrupção dos sinais de satélite por uma semana custaria à economia local cerca de US$ 9,7 bilhões.

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